quarta-feira, 12 de novembro de 2008

Cena 23 - Reflexão antiga

Mais uma limpeza no armário e me deparei com velhas situações. Algumas anotações antigas (bem antigas) e por alguns segundos eu revivi um momento de grande dor (note-se que a proporção de dor em relação à situação era adequada à idade). Sentia-me cercada por julgamentos, e o pior deles partia de mim mesma. A sensação de completa incapacidade de consertar um erro me alcançou em uma noite atribulada, em que o sono parecia uma aspiração tão impossível quanto ganhar na loteria (já que eu não jogo...). E foi aí que tive uma experiência interessante, uma "luz no fim do túnel".

E naquela mesma madrugada, enquanto aguardava o sol aparecer para fugir do terreno hostil, onde o som de palavras impiedosas ainda ecoava com força, coloquei no papel uma experiência que me veio em poucos segundos de clareza espiritual. Ouso compartilhá-la com vocês na esperança de que alguém que se veja sem saída encontre algum conforto. Não havendo ninguém, serve para compartilhar com vocês um pedaço de quem já fui, e algo muito simples que mudou meu mundo em uma certa madrugada de um certo passado.

"São tantos os problemas e medos

Aqui, entre quatro paredes de erros

Não há alívio, não existe saída

Se cada atitude é uma dor sem vida

Para onde me viro, bato em concreto

E se tento, hoje, sei que nunca acerto

Sento-me no chão e choro sem alento

A prisão sufoca meu ser desatento

Lágrimas nos pés, olho para cima

E aí vejo onde a construção termina

Esta prisão não tem telhado

E a liberdade só vai vir do alto

Ergo os braços e a Ti me entrego

Sei que em adorar-Te, enfim acerto"