terça-feira, 25 de dezembro de 2007

Desabafo inconveniente

Bom natal para vocês. O meu foi bom. O meu pós-natal é que beirou à tragédia. Idéia do famoso jerico. Fui comemorar o aniversário de um amigo - se é que se pode chamar assim alguém que você quase não vê, com quem não conversa, não sabe em que buraco foi parar a bendita confiança e que já não demonstra nenhuma das atitudes características de um amigo. Mas amigo mesmo assim, porque não existe ex-amigo. Não se desce na escala de amigo para conhecido voluntariamente. Às vezes chega-se ao grau de inimizade, às vezes de rival ou algo parecido. Fora desses casos, o que conseguimos é uma amizade distante, um pouco constrangida, que vai sendo esquecida aos poucos pela ordem natural da sobrevivência, porque quando é lembrada, traz uma mistura de saudade e revolta. Revolta por aquilo que tentamos em vão segurar, mas que insistiu em cair e se espatifar no chão. E no fim, depois de tantas conversas, tentativas e orações, já nem se sabe se é possível, se vale a pena, ou se é mesmo desejável que se juntem os cacos. Meu pós natal me fez relembrar por que eu evito certas situações. Me fez conviver por milhares de horas (umas 4) exatamente com a correnteza que levou para longe essa amizade, dentre outras coisas. Mas é a vida. Ainda creio que em situações como aniversários e casamentos, devemos deixar de lado as distâncias e correntezas e fazer-nos presentes. Sacrificar nossa zona de conforto para estar onde devemos estar. Quem sabe um dia os cacos resolvam tomar alguma forma... é sempre bom estar na lembranças e nas fotos de momentos marcantes da vida de quem nos é importante. Mas aaaaaaai, como eu sinto falta do programa alternativo e sem conflitos de sábado!!!! Nunca ri tanto na vida...

PS: Me desculpem a inconveniência deste post. Acho duvidoso que algum dos (6) leitores sinta-se ofendido mas, caso isso aconteça, me perdoe. É um desabafo, já vai passar. Provavelmente será excluído assim que eu estiver mais lúcida. Ass.: Eu, tonta de sono.

quinta-feira, 20 de dezembro de 2007

Cena 13 - Escrevi rápido, leiam devagar

Hoje eu vim falar sem elaborar. Vou simplesmente lançar meus dedos contra as teclas negras do computador e permitir que esses pensamentos encontrem o canal de saída na velocidade do vento. Não tenho tempo. Não tenho tido tempo. Ou tenho, mas não para escrever. Tenho tido tempo para dirigir até o trabalho enquanto canto sozinha as músicas da cantata de natal. Tenho tido tempo para fazer ligações a secretárias de ministros para convidá-los para festas. Tenho tido tempo para traduzir discursos e fazer pagamentos que não são meus. Tenho tido tempo para ensaiar todas as noites, tentar cuidar de um ministério, aprender uma peça nova e, no fim do dia, encontrar com amigos que fazem da rotina um mal suportável. O que o tempo não tem me permitido é dormir as tão sonhadas oito horas, almoçar todos os dias, arrumar meu cabelo, fazer compras de natal, renovar meu pobre guarda-roupa, ler, mandar e-mails, atualizar meu blog e, aparentemente, me lembrar de olhar para a luz no fim do grande túnel barulhento que é o cotidiano.

A tal falta de tempo nubla os meus sonhos. E eu tenho muitos, só me esqueço que eles estão por aí em meio à funcionalidade do dia-a-dia. Ontem, a minha falta de tempo me fez dormir no carro e perder parte do culto de oração. Mas em meio a Moisés, Mar Vermelho e orações pelo novo ano, a menção a um desses sonhos me fez derramar lágrimas que eu nem me lembrava que estavam lá. Vou lhes contar a história de um dia no meu futuro.

"Um dia, cuja data está mais próxima do que imagino, porém mais longe do que costumo enxergar, vou acordar, não sei bem de que sono, e o som ao meu redor vai me inundar, fazendo reviver cada fração de esperança e alegria que houverem adormecido em meus anos de falta de tempo. Vou olhar para cima, como todos que esperaram, e a luz que fascinar meus olhos vai me lembrar o caminho que escolhi quando tudo começou. O som de trombetas reais vai me fazer recordar anos de domingos vividos na casa onde aprendi a cantar com motivo. A sensação de chegada ao destino vai fazer cada obstáculo da jornada parecer absolutamente insignificante. Que dia!

Olhos ainda fixados no alto, enquanto o esplendoroso cortejo anuncia a chegada de alguém que antes veio sem pompa e sem lugar. Aquele que achou lugar no meu coração um dia, e lutou incessantemente por mim enquanto eu vacilava no caminho que me construiu. Um que não poupou esforços, e a quem eu crucifiquei cada vez que escolhi sair da retidão da cruz. Mas aquele dia atestará que o amor venceu as fraquezas. E quando eu finalmente reconhecer o nome que tanto anseio ouvir, vou me lembrar de cada vez que o mundo tentou me convencer de que a minha certeza era infundada ou desimportante. Cada vez que a verdade foi descartada como fantasia. E vou chorar de alegria por jamais ter dado ouvidos a quem sabia tão pouco. Sonho com o momento em que serei chamada de ‘filha’ em meio a um sorriso. Como posso depender tanto de algo que não mereço? E como eu não mereço! E como isso faz tudo ainda mais maravilhoso! Ao ouvir o nome, serei atraída para o meio do cortejo, e não haverá mais medo algum. Serei recebida com festa, como se minha chegada até ali não tivesse sido fruto da misericórdia alheia. Vou por inteiro, sem passado e sem dúvidas, receber o presente que me foi comprado com sangue da própria Vida."

Sei que esse momento é tão certo como se já houvesse acontecido. Sei que o gozo que quase explode em meu peito enquanto escrevo é uma pequena amostra do que vou sentir então. Sei que nada pode descrever a vida que será iniciada nesse dia. E sei que, ainda que às vezes nos esqueçamos, o sonho que faz todos os outros parecerem pouco é um dia ouvir o Rei do universo, o Senhor sobre cada pedaço de terra ou mar, sobre cada criatura, rei, presidente ou mendigo, sobre aqueles que crêem e sobre os cegos que preferem não ver, dizer:

“Vinde, benditos do meu Pai, possuí por herança o reino que vos está preparado desde a fundação do mundo”.

E a melhor parte, esse sonho já é real.

quarta-feira, 12 de dezembro de 2007

Buraco Negro

A todos aqueles que esperavam atualizações freqüentes neste Balneário onde Loucos Ousam ser Gênios (BLOG), inclusive minha própria inocência, peço desculpas. Ando sofrendo de um mal raro, atualmente estudado em alguma dessas universidades cujos nomes não devem ser pronunciados, por causarem danos irreparáveis à língua: CLI - Complete Lack of Inspiration. É uma doença que atinge aqueles que vão visitar o Reino do Nada sem tomar as vacinas recomendadas. Os sintomas podem confundir: dezenas de idéias começam a dançar diante da mente daquele que é acometido pelo mal, levando-o a uma falsa sensação de segurança na própria pena (ou caneta, lap top, graveto na areia, seja o que for que você usa para escrever). Mas a tal segurança transforma-se em desespero quando o enfermo percebe que as idéias não passam de parágrafos introdutórios. Ao final de 7 linhas, é acometido de uma paralisia mental que pode parecer cansaço ou estresse, mas é pane total do sistema criativo.

Os ex-escritores que sofrem desse mal podem ser reconhecidos por dizerem frases como: "Ando sem tempo" ou "estou trabalhando muito ultimamente". Andam meio cabisbaixos, sem olhar outros blogueiros nos olhos. Mas há de ter um remédio, estou me esforçando. Tenho 5 parágrafos introdutórios aqui para provar. E o progresso já é evidente: um e meio e nem precisei colar o horóscopo do dia!