terça-feira, 25 de março de 2008

Cena 16 - Poeminha

Então eu ganhei uma passagem para fora da lista de blogs favoritos dos meus vizinhos. Aparentemente, passar um certo tempo longe das teclas leva os leitores reais a uma revolta descrente e desesperada. Outro dia vi tomates na minha janela. Além disso, tenho recebido mensagens muito suspeitas no meu Orkut e biscoitos da sorte. Peço que todos respirem fundo e admitam que foi apenas uma questão de horas entre uma postagem e outra... 1154, mas horas.

Tenho várias coisas a compartilhar com vocês, mas todas meio melosas e profundas, nada que seja compatível com o meu atual estado de espírito (que hoje está mais para comédia da Warner do que cinema europeu). Então, caros amigos, para acalmar os ânimos e, com sorte, roubar alguns sorrisos, eis algumas rimas despretensiosas (observem o abuso da licença poética):

Era uma vez, em um lugar pouco distante
Ao alcance do vento e do olhar hesitante
Uma nova vila se formava sem aviso
Sem propósito ou endereço preciso
Fez de velhos conhecidos, novos amigos
E de olhos estranhos, fiéis ouvidos.
Quem antes compartilhava bancos
Agora, compartilha devaneios francos
E quem antes abria os braços em um abraço
Agora abre o coração em desabafo.
E foi assim que foi sendo formada
Essa velha vizinhança, em meio ao nada
Encontrou antiga e pequena moradora
Que se adaptou e virou leitora
Saiu do casulo sem ser cutucada
E vem enchendo de cores nossa morada
Mudou-se alguém com nome de turma
Que logo mostrou que lugar se arruma
Alguém que na vida exige alguns côvados
Mas aqui, acolhe desabafos trôpegos
Veio também o polêmico crente
Que põe a funcionar a roda da mente
E se é na esquerda que se concentra
É porque é por seu coração que se orienta
Junta-se a isso vizinhos ausentes
Cujas participações são parênteses
Em meio a uma longa e contínua narrativa
Mas sempre aguardadas com expectativa
Por último, a vizinhança conheceu as gêmeas
Que vieram cheias de novas palavras e temas
E se eu falar delas será um tanto suspeito
Pois trazem em si do meu sangue e jeito
Se faltou alguém, pense que era de se esperar
Em vilas estão sempre a sair e a entrar
E esta aqui, virou uma grande sessão terapêutica
Ideológica, desabafológica e hermenêutica
Tem mais loucos do que uma reunião em Paris
Entre personagens de Poe e Machado de Assis
E se você esperava um final de embalagem
Para este poema que começou como homenagem
Sinto decepcionar, ele é só paliativo
Para a Márcia não brigar mais comigo.

Beijos!!!